sábado, 12 de dezembro de 2009

HATHA YOGA



Hatha Yoga é uma técnica de integração através da progressiva purificação do corpo, o desenvolvimento das suas potencialidades, a perfeição de seu funcionamento e a unificação da mente com ele.
“Há” representa a energia vital (prána) e “tha” a energia mental (manas). Portanto, Hatha Yoga é a união entre prána e manas, que resulta num despertar da consciência.
O significado literal é a conjunção de sol (ha) e lua (tha). Por sol se entende o princípio positivo, ativo e masculino da criação; a lua representa o princípio negativo, passivo e feminino. Hatha é então a união consciente dos princípios que constituem a dualidade básica do homem: espírito-matéria.
O principal objetivo do Hatha Yoga é criar um equilíbrio dos processos físicos, energéticos e mentais. Quando esse equilíbrio é estabelecido, o canal central (sushumna nadi) desperta, promovendo a evolução da consciência humana.

Na essência, Yoga é a união do ser humano com o divino que existe dentro de cada um de nós. É a possibilidade de nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos. E pra completar, o praticante ainda conquista:
 um corpo saudável e bonito;
 maior capacidade concentração e criatividade;
 músculos e idéias mais flexíveis;
 melhor qualidade de vida.
Em ouras palavras, Yoga torna-nos mais felizes.


ÁSANAS


Qualquer posição que posa ser mantida com tranquilidade e serenidade é Ásana.
Os ásanas são as posições físicas do Yoga que visam trazer saúde, estabilidade e leveza ao praticante. Os yogues descobriram que o controle sobre o corpo físico abre os canais energéticos e centros psíquicos. Por isso, eles utilizaram os ásanas como base para explorar o corpo físico, a respiração, a mente e estados de consciência mais profundos.
Além de facilitar a meditação, os ásanas liberam os bloqueios do sistema energético, removendo toxinas, promovendo a flexibilidade e um estado de saúde perfeito. Para o hatha yogin, o corpo é um instrumento de aperfeiçoamento, que deve ser cultivado sem apegar-se a ele. Corpo, mente e consciência são inter-relacionados e não podem ser divididos, pois são apenas aspectos diferentes do ser. A meta do Yoga é atingir um estado de êxtase através do despertar da Kundalini. A prática dos ásanas estimula os Chakras e facilita a ascenção da energia. Existem vários ásanas específicos para este propósito.

Surya Namaskar
O treinamento disciplinado do Surya Namaskar é uma das mais eficientes formas de o yogin manter equilibrados os Chakras – centros de energia que existem ao longo da coluna vertebral.
As posturas que compôem este exercício, cujo nome significa Saudação ao Sol, devem ser feitas diariamente, de 2 a 12 vezes, de preferência logo que despertar. Em cada posição, tenha consciência de todo o seu corpo e de sua respiração. Ritmo da respiração não deve ser alterado durante a prática. Em geral, os movimentos para cima são acompanhados de inspiração e, para baixo, de expiração. Lembre: conforto acima de tudo, sem dor nem cansaço.



PRÂNÂYÂMA

“Prâna” significa energia vital ou a totalidade de todas as energias do universo. “Ayama” significa condicionar ou ganhar controle. Portanto Prânâyâma é a ciência que explica como controlar a energia.
Designamos Prânâyâma à captação de prána por meio de exercícios respiratórios. As técnicas utilizadas foram elaboradas há mais de 5 mil anos na India antiga. Elas são executadas de forma consciente e coordenada, fazendo que os resultados atuem sobre a Kundalini. Foi para isso que os Yogues elaboraram o Prânâyâma, com o propósito de despertar a força ígnea, localizada na base da coluna vertebral.
Os exercícios estabelecem uma visão entre o consciente e o inconsciente. O Prânâyâma capta o prána, desperta a Kundalini, ativa os Chakras, alimenta a mente e evidencia a consciência.
Durante a prática, jamais deverá haver cansaço e o praticante sempre termina com uma sensação de energia abundante, sereno e tranquilo.
O primeiro passo para aprender a respirar melhor é a reeducação respiratória. A respiração deve ser sempre nasal, lenta, suave, profunda e completa. As partes baixa, média e alta devem ser bem exploradas.
A respiração é principalmente um ato muscular, e o avanço do praticante depende muito do treinamento dos músculos. Por isso, a respiração abdominal (Adhama), intercostal (Madhyama) e torácica (Uthama) devem ser treinadas separadamente no início, antes de tentar a respiração completa do Yoga (Pràna Kriya).
As quatro fases da respiração são compostas por:
 Puraka – inspiração, fase de captação do prána.
 Kumbhaka – retenção do ar com os pulmões cheios, fase de absorção de prána.
 Rechaka – expiração, fase de expulsão do ar residual.
 Shunyaka – retenção com os pulmões vazios, ou seja, ausência de respiração.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Yoga

Um pouco de História

Na índia, Religião e Filosofia sempre andam juntas. A Religião indiana se perde nos tempos, talvez seja a mais antiga do mundo. Os Árias, provenientes do Norte, invadiram a India no ano 2000 a.C., pondo fim à civilização dravidiana. Trouxeram consigo seus costumes, literatura, pensamentos, religião e a escritura sagrada – o Sânscrito. O culto das forças naturais, os ensinamentos e ritos consignados nos livros sagrados, com o tempo transformaram-se no Brahmanismo, substituindo o Vedismo que era uma religião complexa. Os sacerdotes Brahmanes continuaram, no entanto, pesquisando nos Vedas como manter o equilíbrio do Universo, utilizando-se dos Upanishad – O Livro de interpretação dos Vedas.
O sec. VI a. C. marcou o fim do Vedismo, provocando uma crise filosófico-religiosa. Do Brahmanismo ou Vedismo nasceu o Hinduísmo. A história da India está intimamente ligada a esta religião desde 4000 a.C. É uma regra de vida, mais do que uma religião, dominando até hoje pelo seu grande número de adeptos. O seu pavilhão é repleto de deuses, formando para o leigo um verdadeiro festival colorido, com ritos, sons e pessoas. Posteriormente, outras religiões se formaram, dentre elas o Jainismo e o Budismo. Aquele se baseava na antiga sabedoria dos Vedas, pregando a Encarnação, o Karma e a Libertação humana. Como a maioria dos sistemas filosóficos hindus, a doutrina Jainista visa libertar a alma da alternância perpétua de nascimento e morte, terminando a samsâra (ciclo de vida) e conduzindo à Libertação. Os seus praticantes aceitavam o sistema de castas, a lei do Karma e a transmigração da alma. Os deuses principais formam uma tríade: Brahma – o criador, Vishnu – o conservador, e Shiva – o destruidor, estes deuses realizam maravilhas, sendo considerados como heróis pelos seus feitos, ora como deuses, ora como homens.
A Filosofia em seus primórdios era ensinada oralmente de mestre para discípulo, tendo suas raízes na mitologia e na religião. Baseando-se nos Shruti (revelações dos deuses contidas nos Vedas), os pensadores indianos construíram suas Escolas Filosóficas ou Sistemas (Darshana) à partir das lendas e rituais religiosos cujo objetivo principal era a felicidade humana.

A Filosofia Yoga

O Sistema Yoga, um dos seis Darshana, tem resistido aos séculos e o seu objetivo é a Educação Integral do Ser, procurando atingir o perfeito desenvolvimento corpo-mente-espírito.
A palavra Yoga deriva da raíz sânscrita “yuj”, que significa atar, reunir, dirigir, concentrar, usar e aplicar, comunhão e união. É a verdadeira união da nossa vontade com a vontade de Deus. Significa o unir de todas as forças do corpo, da mente e da alma com Deus; a disciplina do intelecto, da mente, das emoções e da vontade; uma atitude da alma que permite o praticante encarar a vida em todos os seus aspectos de equanimidade.
O compilador de todo o conhecimento do Sistema Yoga foi Patanjali, aproximadamente no séc. II a.C.. Sintetizou a essência da Filosofia Yogue, harmonizando-a à técnica através de profundos estudos. Destas observações originaram-se os principais caminhos do Yoga (Hatha, Jnâna, Karma, Bakti e Râja). Os primeiros ascetas, antes da codificação de Patanjali, observaram os animais e as plantas, transferindo para os homens os seus movimentos e formas, a fim de obterem a flexibilidade dos corpos, a calma e o repouso mental. Recorriam aos deuses e aos sábios para dar nome aos ásanas.

Yoga é


Patanjali define “Yogash chitta vritti nirodah”, isso pode ser traduzido como: “Yoga é a supressão (nirodah) das flutuações (vritti) da consciência (chitta)”. Y.S.1.2
Yoga é a aptidão de dirigir a mente exclusivamente para um objeto e sustentá-la naquela direção sem nenhuma distração. Sobre o controle da mente, Krishna disse no Gita: "Sem dúvida, a mente é incansável e difícil de controlar, mas ela pode ser treinada pela prática constante e pela libertação do desejo. Assim, o homem que se controla pode atingir a comunhão com o divino e dirigir sua energia pelos meios adequados”.
E, você se pergunta: Mas como irei conseguir isto? Apenas através daquelas posturas que beiram o contorcionismo? E eu lhe direi que não apenas, o caminho é mais longo, e começa dentro de você.

As oito etapas do Yoga

A prática do Yoga compreende oito etapas ou graus que são literalmente os oito “membros” (Ashtânga) do Yoga.
As duas primeiras etapas constituem o fundamento prévio de toda a prática yoguica, são as abstenções e as observâncias. Se esta base não estiver assegurada, a prática ulterior será instável, interrompida ou pervertida. Por isso, antes de se preocupar com o exterior, com a prática em si, deve-se olhar para dentro e reconhecer esses aspectos.

1- YAMA
Comportamento ou disciplina ética. São em número de cinco:
- ahimsa – não-violência de atos, palavras e pensamentos.
- satya – verdade . Não mentir, equivocar, distorcer ou omitir a verdade.
- asteya – não roubar objetos, idéias ou méritos.
- brahmacharya – preservação da energia sexual para utilizar em fins superiores.
- aparigraha – não possessividade com objetos, pessoas, bens.

2 – NIYAMA
Regras de conduta que visam a organização da vida interior, pessoal.
- saucha – purificação do corpo físico, do pensamento e das emoções.
- santosha – contentamento, estar feliz com o que tem, sem alimentar desejos de ter mais.
- tapas – esforço para atingir seus objetivos, sejam físicos, espirituais ou pessoais.
- svadhyaya – estudo de si mesmo e dos textos sagrados.

- Îshvara-pranidhana – literalmente significa “sentar ao pé do Senhor”, portanto a consagração de si a Deus, sem passividade, mas com confiança.
Estas 3 últimas consistem no “Caminho do Yoga” ou meio que o sadhaka não deve deixar de seguir para tornar-se um yogue.

3- ÂSANAS

A postura (âsana) constitui a terceira etapa do Yoga. Deve responder a duas exigências : ser estável e agradável. Ela torna-se perfeita pela prática da calma profunda e pela meditação sobre o espaço infinito.


4 – PRÂNÂYÂMA

A disciplina do sopro. A quarta etapa do Yoga. Quando a postura é conseguida, segue-se a disciplina do sopro. Pela regulação do sopro respiratório, adquire-se o domínio sobre todos os outros “sopros vitais” ou correntes sutis de energia.

5 – PRATYÂHÂRA
A abstração dos sentidos. Quinta etapa do Yoga. Intimamente ligado aos ritmos da respiração, pois quando se consegue o domínio do Prânâyâma, os sentidos são canalizados para o interior do indivíduo.
Prânâyâma e Pratyâhâra são princípios do Hatha Yoga.

6- DHÂRANÂ
A concentração é o sexto estágio do Yoga. É a etapa que leva o praticante à meditação.

7- DHYÂNA
Meditação. É o aperfeiçoamento de Dhâranâ, sem interrupção, é um contínuo esforço mental para assimilar o objeto da meditação. Constitui o sétimo grau do Yoga.

8 – SAMÂDHI
É a união do espírito com o objeto da meditação, num processo perfeito de interiorização e aprofundamento, atingindo o estado de Nanda. O corpo e os sentidos acham-se em repouso, mas a mente e a razão estão abertas e ativas. É o despertar além da consciência. A pessoa em Samâdhi está plenamente consciente e perfeitamente alerta. Samâdhi é a etapa essencial do Yoga. É o oitavo e último grau do Yoga, sendo um princípio do Râja Yoga.