quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Yoga

Um pouco de História

Na índia, Religião e Filosofia sempre andam juntas. A Religião indiana se perde nos tempos, talvez seja a mais antiga do mundo. Os Árias, provenientes do Norte, invadiram a India no ano 2000 a.C., pondo fim à civilização dravidiana. Trouxeram consigo seus costumes, literatura, pensamentos, religião e a escritura sagrada – o Sânscrito. O culto das forças naturais, os ensinamentos e ritos consignados nos livros sagrados, com o tempo transformaram-se no Brahmanismo, substituindo o Vedismo que era uma religião complexa. Os sacerdotes Brahmanes continuaram, no entanto, pesquisando nos Vedas como manter o equilíbrio do Universo, utilizando-se dos Upanishad – O Livro de interpretação dos Vedas.
O sec. VI a. C. marcou o fim do Vedismo, provocando uma crise filosófico-religiosa. Do Brahmanismo ou Vedismo nasceu o Hinduísmo. A história da India está intimamente ligada a esta religião desde 4000 a.C. É uma regra de vida, mais do que uma religião, dominando até hoje pelo seu grande número de adeptos. O seu pavilhão é repleto de deuses, formando para o leigo um verdadeiro festival colorido, com ritos, sons e pessoas. Posteriormente, outras religiões se formaram, dentre elas o Jainismo e o Budismo. Aquele se baseava na antiga sabedoria dos Vedas, pregando a Encarnação, o Karma e a Libertação humana. Como a maioria dos sistemas filosóficos hindus, a doutrina Jainista visa libertar a alma da alternância perpétua de nascimento e morte, terminando a samsâra (ciclo de vida) e conduzindo à Libertação. Os seus praticantes aceitavam o sistema de castas, a lei do Karma e a transmigração da alma. Os deuses principais formam uma tríade: Brahma – o criador, Vishnu – o conservador, e Shiva – o destruidor, estes deuses realizam maravilhas, sendo considerados como heróis pelos seus feitos, ora como deuses, ora como homens.
A Filosofia em seus primórdios era ensinada oralmente de mestre para discípulo, tendo suas raízes na mitologia e na religião. Baseando-se nos Shruti (revelações dos deuses contidas nos Vedas), os pensadores indianos construíram suas Escolas Filosóficas ou Sistemas (Darshana) à partir das lendas e rituais religiosos cujo objetivo principal era a felicidade humana.

A Filosofia Yoga

O Sistema Yoga, um dos seis Darshana, tem resistido aos séculos e o seu objetivo é a Educação Integral do Ser, procurando atingir o perfeito desenvolvimento corpo-mente-espírito.
A palavra Yoga deriva da raíz sânscrita “yuj”, que significa atar, reunir, dirigir, concentrar, usar e aplicar, comunhão e união. É a verdadeira união da nossa vontade com a vontade de Deus. Significa o unir de todas as forças do corpo, da mente e da alma com Deus; a disciplina do intelecto, da mente, das emoções e da vontade; uma atitude da alma que permite o praticante encarar a vida em todos os seus aspectos de equanimidade.
O compilador de todo o conhecimento do Sistema Yoga foi Patanjali, aproximadamente no séc. II a.C.. Sintetizou a essência da Filosofia Yogue, harmonizando-a à técnica através de profundos estudos. Destas observações originaram-se os principais caminhos do Yoga (Hatha, Jnâna, Karma, Bakti e Râja). Os primeiros ascetas, antes da codificação de Patanjali, observaram os animais e as plantas, transferindo para os homens os seus movimentos e formas, a fim de obterem a flexibilidade dos corpos, a calma e o repouso mental. Recorriam aos deuses e aos sábios para dar nome aos ásanas.

Yoga é


Patanjali define “Yogash chitta vritti nirodah”, isso pode ser traduzido como: “Yoga é a supressão (nirodah) das flutuações (vritti) da consciência (chitta)”. Y.S.1.2
Yoga é a aptidão de dirigir a mente exclusivamente para um objeto e sustentá-la naquela direção sem nenhuma distração. Sobre o controle da mente, Krishna disse no Gita: "Sem dúvida, a mente é incansável e difícil de controlar, mas ela pode ser treinada pela prática constante e pela libertação do desejo. Assim, o homem que se controla pode atingir a comunhão com o divino e dirigir sua energia pelos meios adequados”.
E, você se pergunta: Mas como irei conseguir isto? Apenas através daquelas posturas que beiram o contorcionismo? E eu lhe direi que não apenas, o caminho é mais longo, e começa dentro de você.

As oito etapas do Yoga

A prática do Yoga compreende oito etapas ou graus que são literalmente os oito “membros” (Ashtânga) do Yoga.
As duas primeiras etapas constituem o fundamento prévio de toda a prática yoguica, são as abstenções e as observâncias. Se esta base não estiver assegurada, a prática ulterior será instável, interrompida ou pervertida. Por isso, antes de se preocupar com o exterior, com a prática em si, deve-se olhar para dentro e reconhecer esses aspectos.

1- YAMA
Comportamento ou disciplina ética. São em número de cinco:
- ahimsa – não-violência de atos, palavras e pensamentos.
- satya – verdade . Não mentir, equivocar, distorcer ou omitir a verdade.
- asteya – não roubar objetos, idéias ou méritos.
- brahmacharya – preservação da energia sexual para utilizar em fins superiores.
- aparigraha – não possessividade com objetos, pessoas, bens.

2 – NIYAMA
Regras de conduta que visam a organização da vida interior, pessoal.
- saucha – purificação do corpo físico, do pensamento e das emoções.
- santosha – contentamento, estar feliz com o que tem, sem alimentar desejos de ter mais.
- tapas – esforço para atingir seus objetivos, sejam físicos, espirituais ou pessoais.
- svadhyaya – estudo de si mesmo e dos textos sagrados.

- Îshvara-pranidhana – literalmente significa “sentar ao pé do Senhor”, portanto a consagração de si a Deus, sem passividade, mas com confiança.
Estas 3 últimas consistem no “Caminho do Yoga” ou meio que o sadhaka não deve deixar de seguir para tornar-se um yogue.

3- ÂSANAS

A postura (âsana) constitui a terceira etapa do Yoga. Deve responder a duas exigências : ser estável e agradável. Ela torna-se perfeita pela prática da calma profunda e pela meditação sobre o espaço infinito.


4 – PRÂNÂYÂMA

A disciplina do sopro. A quarta etapa do Yoga. Quando a postura é conseguida, segue-se a disciplina do sopro. Pela regulação do sopro respiratório, adquire-se o domínio sobre todos os outros “sopros vitais” ou correntes sutis de energia.

5 – PRATYÂHÂRA
A abstração dos sentidos. Quinta etapa do Yoga. Intimamente ligado aos ritmos da respiração, pois quando se consegue o domínio do Prânâyâma, os sentidos são canalizados para o interior do indivíduo.
Prânâyâma e Pratyâhâra são princípios do Hatha Yoga.

6- DHÂRANÂ
A concentração é o sexto estágio do Yoga. É a etapa que leva o praticante à meditação.

7- DHYÂNA
Meditação. É o aperfeiçoamento de Dhâranâ, sem interrupção, é um contínuo esforço mental para assimilar o objeto da meditação. Constitui o sétimo grau do Yoga.

8 – SAMÂDHI
É a união do espírito com o objeto da meditação, num processo perfeito de interiorização e aprofundamento, atingindo o estado de Nanda. O corpo e os sentidos acham-se em repouso, mas a mente e a razão estão abertas e ativas. É o despertar além da consciência. A pessoa em Samâdhi está plenamente consciente e perfeitamente alerta. Samâdhi é a etapa essencial do Yoga. É o oitavo e último grau do Yoga, sendo um princípio do Râja Yoga.