
O mais antigo modelo explícito da hierarquia interior é o dos cinco “invólucros” (koshas). O corpo físico teria um correspondente sutil que não é feito de matéria grosseira, mas de uma substância mais refinada, uma energia. A “anatomia” e “fisiologia” dessa imagem suprafísica do corpo físico – o chamado “corpo astral” ou “corpo sutil”- tornaram-se objetos de uma investigação intensa. A concepção geral, porém, é a de que os órgãos do veículo sutil são tão reais quanto os do corpo físico.
A força vital (prâna) condensada no corpo sutil é parecida com a eletricidade, pois se move ao longo dos nadis. Quando o yogin força a energia vital a entrar no canal axial, está estimulando a energia latente da kundalini a subir até produzir o desejado estado de samadhi. Se compararmos a força vital à eletricidade, a kundalini será semelhante a uma carga elétrica de altíssima voltagem. Se compararmos a força vital como uma brisa agradável, a kundalini será comparável a um furacão.
CHAKRAS

Existem correntes vitais que nutrem nossos corpos e são ligadas ao organismo através de centros de energia chamados chakras. São coágulos de energia vital que vibram em diferentes frequências. Esta palavra é de origem sânscrita e significa "roda". Quem tem clarividência, consegue visualizar os chakras como discos (vértices redondos e brilhantes).
São sete chakras que fazem parte da nossa anatomia invisível, exercendo uma função sutil no sistema nervoso e endócrino do corpo físico.
Eles dispõem-se verticalmente ao longo do canal axial. Quando os chakras estão harmonizados, as correntes da vida fluem com mais vigor através das estruturas etéreas, influenciando beneficamente os órgãos físicos.
Assim, as emoções tornam-se mais intensificadas, as atitudes mais otimistas, além da autoconfiança e amor-próprio.
A sequência dos chakras a partir da base é a seguinte:
Mûlâdhâra (mula= raíz, adhara=apoio)

Situado no períneo, este chakra, que também é chamado simplesmente de âdhâra, está ligado ao elemento terra, ao sentido de olfato, aos membros inferiores, ao mantra sânscrito lam e ao elefante (símbolo da força). As divindades que o regem são Brahma (o Deus Criador) e a deusa Dâkinî. Segundo o Tantra, a meditação sobre este centro conduz o domínio do desejo, da inveja e da paixão. É representado, em geral, como um lótus vermelho-escuro de quatro pétalas que representa as nadis. Ao centro, existe um quadrado amarelo, símbolo do elemento terra. Dentro deste quadrado, aparece um triângulo invertido que representa a energia kundalini ou poder da serpente, já que na sua forma, ela aparece enrrolada em torno da base da coluna vertebral. É a sede da kundalini-shakti em estado latente e ponto de partida de sushumna.
Svâdhisthâna (sva= próprio, adhisthana= base)

Localizado nos órgãos genitais, este chakra está ligado ao elemento água, ao sentido do paladar, às mãos, aos mantra vam e a um monstro aquático semelhante a um crocodilo (símbolo da fertilidade), além de controlar as funções dos rins e da região abdominal inferior e atua no baço, onde emana vitalidade. As divindades que o regem são Vishnu e a deusa Râkinî. Este centro é representado como um lótus carmim de seis pétalas.
Manipura (mani= jóia; pura= cidade)

Situado no umbigo, é também chamado nâbhi-cakra (roda do umbigo). Este centro psicoenergético está ligado ao elemento fogo, ao sentido da visão, ao ânus, ao mantra ram e ao carneiro (símbolo da energia ígnea). As divindades que o regem são Rudra e a deusa Lâkinî. As correntes de energia deste chakra fluem para dentro dos órgãos internos do corpo físico, controlando o estômago, o fígado e os intestinos. Este chakra se relaciona também com o fluxo menstrual e exerce influência na visão em ambos os sexos. Seu ponto focal no corpo físico está no pâncreas. Meditar neste chakra ajuda a libertar a pessoa de todas as doenças, além de aumentar o poder de concentração. Este centro é representado como um lótus amarelo forte de dez pétalas.
Anâhata (não-tocado, não-tangido)

Este centro está situado no peito (intersecção da linha mediana e da linha que liga os dois mamilos), localiza-se no coração e por isso é comumente conhecido como hrid-padma (“lótus do coração”), um lótus azul de doze pétalas. O nome anâhata-cakra vem do fato esotérico de ser o coração o lugar onde se pode ouvir o “som” (nâda) transcedental – a “música das esferas” de Pitágoras - , que “não é tocado”, ou seja não é produzido por meios mecânicos. O lótus do coração está ligado ao elemento ar, ao sentido do tato, ao pênis, ao mantra yam e ao antílope negro (símbolo da presteza). As divindades que o regem são Îsha e a deusa Kâkinî. Na parte central deste chakra, existem dois triângulos entrecruzados, simbolizando o micro e o macrocosmo. Dentro desses triângulos, encontra-se a verdadeira centelha do mundo divino. Meditar neste chakra, e nas suas cores, rosa e verde, é desejar tornar-se uma pessoa mais sublime, além disso, faz com que a pessoa se torne mais atraente pelo sexo oposto, além de ser um recipiente do amor cósmico.
Vishuddha (“puro”)

Situado na garganta e representado como um lótus de desesseis pétalas e cor violácea escura, este chakra está ligado ao elemento éter, ao sentido da audição, à boca e à pele, ao mantra ham e ao elefante branco (símbolo da força pura). É a porta de entrada para a sabedoria. As divindades que o regem são o andrógino Ardhanarîshvara (Shiva e Pârvartî) e a deusa Shâkinî.
Âjnâ (“comando”)

Localizado no cérebro, no espaço intermediário entre os olhos, este centro psicoenergético também é chamado de “terceiro olho”. Tem o nome de âjnâ porque é através dele que o discípulo recebe comunicações telepáticas do mestre. Por esse motivo, é chamado também de guru-cakra. Este centro está ligado a manas, ao aspecto da mente que cuida do processamento das informações colhidas pelos sentidos. O Âjnâ-cakra também está ligado ao sentido de individualidade (ahamkâra)e ao mantra OM. As divindades que o presidem são Parama-Shiva e a deusa Hâkinî. É representado como um lótus de duas pétalas e cor branca ou cinza-claro. Contém uma representação simbólica do falo dentro de um triângulo que aponta para baixo (o desenho todo significa a polaridade Shiva/Shakti). A meditação neste chakra faz com que a pessoa se livre das conseqüências das ações das encarnações anteriores. A glândula pituitária se relaciona no corpo físico deste chakra.
Sahasrâra (sahasra= mil; ara= pétalas)

Situado no topo da cabeça, este chakra tira seu nome das miríades de filamentos luminosos que o compõem. A rigor, não faz parte do sistema de chakras; é um ponto que transcende o corpo, um ponto que parece fazer a ligação entre a Consciência e a froma humana. Essa idéia é indicada pelo linga luminoso, símbolo de Shiva, colocado no meio deste lótus. Os elementos simbólicos ligados a cada chakra servem para ajudar os yogins a elaborar visualizações complexas que mantêm a mente estável e geram vários poderes paranormais (siddhi), bem como o êxtase. As cores que correspondem a este chakra são o violeta, o dourado e o branco. E o mantra, além de todos que já foram dito, é o aum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário